Literatura de
cordel
CONTRADIÇÕES E AMBIGUIDADES
Autor Paulo
Tarciso
Amigos, novo
trabalho
Vos quero
apresentar
São muitas
curiosidades
Que passo a vos
relatar
Contradições,
ambigüidades
E muita
desigualdade
Escutem, pois,
meu falar.
Já vi pobre
dar esmola
E já vi rico
negar
Dar um pão a
um mendigo
Pensando
economizar
Mais na frente
precisando
Ver o pobre
lhe ajudando
Sem do passado
lembrar.
Quem devia
proteger
Fazer crime ao
meio dia
Vi homem forte
gemendo
Na mais
profunda agonia
Só por um
cálculo renal
Gemendo em
hospital
Já vi filho
sem família.
Também vi
policial
Ser vítima de
um civil
Um punhado de
ladrão
Em palácio que
é covil
Mas na prática
só roubando
E o povo se
lamentando
E foi aqui no
Brasil.
Já vi um
médico doente
Vendedor a
consultar
Professor
virar aluno
Vi aluno a
ensinar
Vi cigana
analfabeta
Lendo a mão de
um atleta
E seu futuro
acertar.
Vi vítima
levar cacete
E no processo
ser réu
O réu passar
para vítima
Vi réu perder
seu chapéu
Que depois de
apreendido
Após ser
absolvido
Pediu de volta
o “bonéu”.
Vi candidato
eleito
Com votos bem
a menor
E outro com bem
dez mil
Ficar
amargando e só
Vi criança a prosear
E um velho a
lhe escutar
Gente em água
dando nó.
Professores
ensinando
Pouco ser
valorizados
E o político
desonesto
Com mala e bolso
estourados
Isso não posso
entender
Pode até que
eu venha ser
Um louco e ser
internado.
Vi pastor
virar ateu
Vi ateu padre virar
Espírita virar
pastor
E Testemunha
de Jeová
Mudar para
adventista
E seguindo
nessa lista
Vi papa se
confessar.
Campeonato em
futebol
Um time ser
campeão
Entrar certo
da vitória
Pois antes
pagou “milhão”
Clube que
melhor jogou
Humilhado ate
chorou
Tá no fim da
divisão.
Advogado virar
réu
Réu virar
advogado
Milionário ser
mendigo
Pobre virar
deputado
Famoso com
depressão
Sair da
televisão
Perder fama e
ser calado.
Pra viver uma
aventura
Pai não pagar
alimento
E ser preso em
viatura
Drogado ser
pregador
Eu já vi até pastor
Vivendo ser
ter lisura.
Vi saindo da
gaiola
Passarinho sem
voar
Escravo sendo
liberto
Mas pedindo
pra ficar
Já vi padre
perdoando
Pecador se aconselhando
E prosseguindo
a pecar.
Calouro virar
artista
E cantor a vez
perder
Tornar-se
desempregado
Foi assim para
aprender
Que não se
deve humilhar
Quem abaixo
dele estar
Lutando para
crescer.
Candidato
derrotado
Gastando
muitos milhões
Mesmo estando
no poder
Ganhar quem
teve tostões
Simpatia
conquistou
E o povo lhe
confiou
Deu voto das
multidões.
Eu já vi
bêbado tombando
E seu caminho
acertar
Criança
levando queda
Sem nunca se
machucar
E cabra macho,
sarado
Por um inseto
picado
Vários dias
sem andar.
Vi ateu chamar
por Deus
Na hora do “vamos
ver”
E crente
perder a fé
Ao começar a
sofrer
Solteiro
querer casar
Casado se
separar
E vivo querer
morrer.
Eu vi palhaço
chorando
E um dileto
promotor
Pedir
absolvição
Já vi também
defensor
Em outra
ocasião
Pedindo
condenação
Papel do
acusador.
Sem ser na
encruzilhada
Promotor
manifestar-se
Sem baixar
santo nem nada
Bacharel ser
curador
Sem rezar nem
tirar dor
Jogo com bola
marcada.
Um médico
cirurgiado
Paciente a
socorrer
E com tanta
formatura
Vi doutor sem
saber ler
Nota do diapasão
Cego tocar
violão
Mendigando pra
viver.
Gente rica dar
calote
Campeão sem
ter troféu
Alvará pra
condenado
Fanático não
ir pro céu
E prostituta
ser salva
Cabeluda virar
calva
Mulher careca
e sem véu.
Classe de
caminhoneiro
Que poucos
davam valor
Parar um país
inteiro
Dando ao povo
um alô
Que é possível
ser ouvido
Se o povo for
unido
Muda até
governador.
Já vi jogador morrendo
Correndo, com pouca
idade
Velho durar mais
de cem
Vivendo assim
sedentário
De tudo que eu
citei
É só verdade,
bem sei
É pura
realidade.
Quem quiser
que conte outra
Pra completar
meu cordel
Quem é mau
nunca se salva
Mas quem tem
Deus vai pro céu
Minha mensagem
final
Faça o bem e
nunca o mau
Pra esse eu
tiro o chapéu.
Escrito em 30
de maio de 2018
Paulo Tarciso
Freire de Almeida
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